*Texto de Michel Queiroz publicado em seu blog
4, 6, 8, 10, 13, fora do ar, 23, 25, fora do ar.
4, tiro, 8, 10, pastor, fora do ar, 23, menina com maquiagem esquisita, fora do ar. Bosta de televisão! O médico avisou que depois dos 70, insônia era comum. A menina da maquiagem até que tinha as pernas grossas, mas dançava feito bêbada. Acendeu um cigarro e fumou numa tragada só. Ai, se a filha descobrisse que estava fumando, tomava castigo. Velho não serve pra nada. Só pra tomar sopa, remédio e castigo. Ele sabia se vingar: dia desses ficou tão nervoso, que se mijou inteiro de propósito. Lalinha o xingava lá do tanque enquanto lavava suas calças e ele ria tanto, que se engasgava. Ria, tossia e engasgava.
4, tiro e pneu queimando, jô, 10, pastor segurando copo d'água, fora do ar, 23, música insuportável, fora do ar. Ele prometeu se comportar e parar de fumar quando ela ameaçou vender a tv. Pura implicância da Lalinha, dizia quando alguém perguntava. O único que se importava com o pai era o Jorge, filho mais velho. Toda vez que Lalinha ranhetava, já ia o velho pegar telefone pra ligar pro Jorge. Ele nunca atendia as ligações e lá vinha a capeta da Lalinha com a história de que o Jorge nunca atendia por não querer mais saber do pai. Mas ele sabia que o filho tinha seus negócios e qualquer dia fretaria uma Perua, e buscaria ele e a tv pra morar no seu apartamento. O velho iria na caçamba da Perua, sentindo o vento esvoaçar os poucos cabelos que lhe restavam. O filho, preocupado, daria ordem que ele segurasse com força pra não cair.
4, jornal, um beijo do gordo, 10, pastor gritando noutra língua, fora do ar, 23, menina de cabelo rosa e brinco na boca, fora do ar. A luz começou a entrar sem pressa pela cortina da sala. Controle-remoto caído no chão, passos na escada, tv fora do ar, Lalinha chorando em desespero. O velho enfim conseguiu dormir.
4, tiro, 8, 10, pastor, fora do ar, 23, menina com maquiagem esquisita, fora do ar. Bosta de televisão! O médico avisou que depois dos 70, insônia era comum. A menina da maquiagem até que tinha as pernas grossas, mas dançava feito bêbada. Acendeu um cigarro e fumou numa tragada só. Ai, se a filha descobrisse que estava fumando, tomava castigo. Velho não serve pra nada. Só pra tomar sopa, remédio e castigo. Ele sabia se vingar: dia desses ficou tão nervoso, que se mijou inteiro de propósito. Lalinha o xingava lá do tanque enquanto lavava suas calças e ele ria tanto, que se engasgava. Ria, tossia e engasgava.
4, tiro e pneu queimando, jô, 10, pastor segurando copo d'água, fora do ar, 23, música insuportável, fora do ar. Ele prometeu se comportar e parar de fumar quando ela ameaçou vender a tv. Pura implicância da Lalinha, dizia quando alguém perguntava. O único que se importava com o pai era o Jorge, filho mais velho. Toda vez que Lalinha ranhetava, já ia o velho pegar telefone pra ligar pro Jorge. Ele nunca atendia as ligações e lá vinha a capeta da Lalinha com a história de que o Jorge nunca atendia por não querer mais saber do pai. Mas ele sabia que o filho tinha seus negócios e qualquer dia fretaria uma Perua, e buscaria ele e a tv pra morar no seu apartamento. O velho iria na caçamba da Perua, sentindo o vento esvoaçar os poucos cabelos que lhe restavam. O filho, preocupado, daria ordem que ele segurasse com força pra não cair.
4, jornal, um beijo do gordo, 10, pastor gritando noutra língua, fora do ar, 23, menina de cabelo rosa e brinco na boca, fora do ar. A luz começou a entrar sem pressa pela cortina da sala. Controle-remoto caído no chão, passos na escada, tv fora do ar, Lalinha chorando em desespero. O velho enfim conseguiu dormir.
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