Marina

*Paulo Henrique de Souza

TV
Acordei já tinha passado da uma, mas não faz mal, domingo é para essas coisas mesmo. Com uma dorzinha de cabeça e a garganta seca, levantei e fui direto conferir a geladeira e para o meu desgosto só se via meia garrafa de 51 e uma panela tampada, que não tive coragem para abrir. Liguei a televisão, mas domingo a tarde já se sabe, né, ainda mais nessa TV aberta, rodei os treze canais e nada achei, deixei-a ligada, mas no mudo. Olhei para janela para admirar o vai e vem das pessoas que não vinham, enquanto tentava me lembrar da noite passada. Foi em vão, só o que me restara fora à ânsia de vômito, a dor de cabeça e o mal estar, precisava de algo para fazer, estava entediado, mas não tinha forças para me mexer. Fiquei largado na sala e acendi o último cigarro,quando a lembrança de Marina invadiu minha mente e diferentemente da noite passada, dela eu me lembro bem, mesmo não querendo, mas sim eu me lembro. 

Desde que me conheço por gente, sempre estive com a Marina, tudo que eu sei aprendi junto com ela, todos os meus amigos, também são amigos dela.É difícil me imaginar sem as marcas que ela deixou em mim, é, eu era apaixonado por ela. Muitos gostavam dela, iam atrás, já outros não gostavam não, viviam reclamando, achando ela muito pouco. É verdade que quando você sai com a Marina, o programa é sempre o mesmo, as pessoas são as mesmas, e chega a encher o saco, mas vou dizer que sinto falta viu. 

A gente tinha uma relação até que boa, mas não sei se era eu que não queria mais ela, ou ela que não me queria mais, acredito que um não aguentava mais ver a cara do outro, coisa de quem se gosta mesmo, eu a amava, mas o amor é violência e isso eu não podia suportar. Faz pouco tempo eu larguei dela e fui para outra, tava muito puto, tinha passado para a turminha que achava ela muito pouco, ela já não me dava mais tesão. 

Conheci faz pouco tempo a Florinda, ela me deixa bem, tudo nela é novo, sua beleza atrai gente de todo lugar, é intrigante, me sinto pequeno perto dela, coisa que a Marina nunca me proporcionou, afinal cresci com ela, já a conhecia, ou pelo menos pensava que sim. Preciso sair mais vezes com a Florinda, ficar com ela mais um tempo e conhecê-la melhor, mas vou te contar, acho que não é para casar não, às vezes ela é meio maluca e me deixa sem chão, sozinho. 

Falando em Florinda, agora que a ressaca já passou, vou dar uma ligada e ver se encontro com ela, quem sabe não me dou bem num domingo à noite e acordo de ressaca na segunda... 

Um comentário:

João Vitor disse...

muito bom o texto,este garoto tem um futuro brilhante