Maringá Além da Imaginação


Toda cidade tem suas histórias. Essa eu ouvi de um velho conhecido maringaense que, para manter a tranquilidade na vida, pediu para não ser identificado. Me disse que seu pai a ouviu da boca de um dos policiais envolvidos no caso. Transcrevo-a para que não se perca.

Foi em 1996. A rodoviária de Maringá ainda era na Joubert de Carvalho, prédio um tanto sombrio e velho, mas de arquitetura interessante. Tinha um visual pretenso futurista - comum na época em que fora construído -, mas imundo e com as paredes manchadas, indelevelmente, com a terra vermelha que lhes respingaram as chuvas em seus já 33 anos de uso. Uma garota chegara de viagem, cansadíssima, com uma mala que se arrependia de ter feito tão grande. Já eram quase duas da manhã. Pegou um taxi.

O taxista, de pouca conversa, mas com um bigode impossível de não se notar, guardou a bagagem da moça no porta-malas e ambos embarcaram no traslado. Saindo da rodoviária, entraram à direita na Avenida Herval e, depois de cruzarem a Avenida Brasil, uma viatura policial começou a seguí-los. O motorista ficou apreensivo e o pouco assunto se transformou em assunto nenhum. Continuaram.

Segundos depois, a polícia soou a sirene e sinalizou com os faróis para que encostassem o carro. O taxista estacionou prontamente na esquina da Herval com a Neo Alves Martins, e estranhamente parecia aliviado.

Bateram no vidro da passageira. Era um dos policiais perguntando o que ela fazia ali, no banco de passageiros daquele taxi, e onde é que estava o motorista. Imediatamente a garota olhou pro banco do motorista e não o viu lá. Assustada e auxiliada pelo policial, saiu do carro olhando pra todos os cantos, tentando encontrar o motorista recém desaparecido, enquanto o outro policial fazia o mesmo pelas redondezas.

Sem barulho e sem que os policiais ou a garota vissem, o taxista tinha simplesmente desaparecido. E pelo jeito não era a primeira vez. Veio, pelo rádio da viatura, a confirmação de que aquele carro era o mesmo que constava no B.O. de desaparecimento, registrado três dias antes.

Com a confirmação do B.O., começou a revista pente-fino no carro. Revistaram cada centímetro para encontrar algo que explicasse aquilo tudo. Abriram o porta-malas. Susto! Aquele bigode seria reconhecido em qualquer lugar do mundo. Era o taxista. Morto. E, enfim, em paz.

Quer ser meu amigo?


*Thaís Tereciano

111/365: dressed up Lembro de você bagunçando a minha franja e contando as pintinhas do meu rosto só pra me irritar.

Lembro do cheiro das suas roupas, das covinhas que formavam enquanto você sorria, dos seus joelhos fracos e tortos por causa de um pequeno incidente no futebol e do medo que eu sentia de te dar as mãos e de não conseguir me soltar nunca mais.

Lembro do dia em que você me viu de batom vermelho e tentou me convencer de que eu ficava linda sem maquiagem. Nesse mesmo dia você me contou o seu maior segredo: sabia de quem gostar, só não sabia continuar gostando.

Lembro dos nossos desastres culinários, da irritação que te causava o barulho do secador, da sua indecisão na hora de escolher o que comer, da minha falta de entusiasmo em ser a sua companheira de corrida no parque e da primeira vez que você deixou que eu colocasse as minhas músicas esquisitas no seu ipod.

Lembro das camisetas que te ajudei a comprar, do Saramago que te emprestei e que você fingiu ter lido, do London Calling que peguei e não devolvi e do dia em que, meio bêbado e cheio de sono, você disse que me amava.

Lembro das brigas compradas por mixaria e das discussões estendidas até que um saísse amuado e com o coração em pedacinhos. A gente não tinha mudado em nada e, ainda assim, não conseguia se reconhecer.

Lembro do abraço de até logo com gosto e cheiro de adeus.

Lembro de ter cansado de insistir antes mesmo de você perceber.

Lembro de ter juntado todos os motivos pra me decidir, mesmo sabendo que bastava um só.

Lembro de ter sentido a sua falta durante anos.

Lembro de ter duvidado de que, um dia, eu conseguiria te esquecer.

...

Companions 2
Eu não tenho tido crises alérgicas, ainda não perdi o medo de dirigir e passei a usar três tipos de creme pro rosto, uma vez de manhã e outra à noite, todo santo dia. Dá pra acreditar?

Sei que todo mundo tem uma lista gigante de virtudes, mas quanto mais velha fico, mais privilegio a bondade. Quero pessoas de bom coração perto de mim.

Tenho tido problemas na hora de dormir. Eu sinto falta de desejar coisas bobas, coisas do tipo ter uma piscina cheia de jujubas e mm´s no fundo de casa. Lembra do dia em que eu te contei que sonhava em morar no quarteirão da escola, só pra poder acordar cinco minutos antes da aula começar?

Tenho a impressão de que, de um modo geral, tá mais difícil de amar e de confiar. Eu sinto falta daquela época boa em que, pra alguém gostar da gente, bastava chegar bem pertinho e dividir o brinquedo. A gente dizia o nome, emprestava o giz de cera, repartia o chiclete no dente e, com as mãos, partia o chocolate. Quer brincar na minha casa depois do colégio? Pronto. Nascia uma amizade.

E não importava se o amiguinho morava longe, se frequentava o mesmo clube, se gostava das mesmas coisas ou se usava roupas finas. Não fazia diferença o fato dele ser loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, ladrão, polícia ou capitão.

Porque a gente sentava ao lado dos novos amigos e falava sobre nuvens, desenhos, doces e jogos, e isso tudo sem julgar, sem calar e sem mandar.

Porque em meio às canetinhas coloridas e às tesouras sem ponta existiam cartas e bilhetinhos caprichados na sinceridade e nas dobraduras.

Porque a gente fazia o que sentia que tinha que fazer, e não o que deveria.

Porque não existia falta de tempo, falta de grana ou medo do futuro.

Porque união e fidelidade existiam sem que a gente soubesse o significado dessas palavras.

Porque ninguém tinha pressa pra viver e pra ser feliz.

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Cinema Itapagipe

*João Gustavo

Aconchego
Falta muito pra Aracaju? A sonoridade do questionamento permaneceu por alguns instantes ao nosso redor, como que ricocheteando em nossos joelhos, nos óculos escuros, nas camisetas; uma pergunta sutilmente agressiva, talvez – ou impaciente, provável. Estávamos com as garrafas de cerveja ainda geladas, sob efeito da última história engraçada resgatada, animados com o reabastecimento do veículo. Próxima do posto de combustíveis, a pousada parecia serena, o almoço avizinhava-se robusto. Cogitávamos, naquela certeza de que iríamos fazê-lo, pedir uns pratos e comer por lá, experimentar do cheiro da moqueca e puxar papo com duas turistas paulistanas que tínhamos conhecido minutos antes, na lojinha de conveniência. O momento pra fazer aquele tipo de indagação não estava entre nós, apenas nela. Não é por mal é só pra saber mesmo. Foi respondida qualquer coisa que a confortou, fomos almoçar e só uma das turistas paulistanas acabou por dar brecha; a outra era cheia de assuntos e de gestos, primeira vez que ia ao Nordeste sem que ficasse em Salvador ou em Fortaleza, hospedava-se sempre naquele hotel perto daquele barzinho perto do circuito Barra/Ondina, sabe? Nenhum de nós três sabia, mas pelo jeito era um hotel estrelado e conhecido, ela insistiu em descrevê-lo umas duas vezes e em citar o sobrenome de pessoas que usualmente o frequentavam. Enquanto engolíamos caipirinha, suco de laranja, camarão e o quase monólogo da moça, o outro se divertia com a outra dentro do nosso carro – e isso fazia com que a remanescente da dupla parecesse ainda mais indigerível. Foi aí que ela resolveu se redimir; não ela, a metidinha, a outra, a questionadora; pediu uma caipirinha no capricho, pouco gelo e bastante limão. A bebida chegou, no ponto, e ela exigiu que a paulistinha a tomasse toda. Após alguma recusa boba, terminou por beber tudo, lambendo os lábios. E que lábios... Um de nós chegou junto, o beijo rolou ali mesmo, diante de mim e da perdoada; assim ele vai ficar com ciúmes... e me sobrou um beijo; eu também vou ficar... aí foi a vez de as duas se encontrarem. Olhei pro meu amigo e decidimos que aquele era o momento. Mas queríamos a novidade, como fazer? Quero com nós quatro só se for assim, exigiu a faladeira, reinventada. Ao mesmo tempo? soltei, meio de imediato, e elas só souberam rir, consideraram meu questionamento totalmente dispensável. Meu amigo perguntou quanto era o quarto só pra passarmos uma hora ou hora e meia, o rapaz respondeu, passou-nos uma chave, entramos no recinto, despimo-nos. As duas estavam mais à vontade, brincavam na cama, sorriam pra gente. Acho que vou precisar de mais uma garrafa, ele brincou, nervoso, ainda estávamos de cueca. As duas nos puxaram pra cama e nos puseram nus. Pra mim Aracaju é aqui mesmo, sussurrou a arrependida no meu ouvido, antes de colar sua boca à minha.

No hostel de Salvador conhecemos uma francesa que nos deixou encantados. Os três ficavam se exibindo, pavoneando. Ainda tínhamos a dupla de garotas conosco. Foi num bar que a menina se decidiu por um de nós – ficamos eu e o outro com um sentimento estranho que era misto de derrota e ciúme. Uma das duas que fazia parte do grupo chegou no outro rejeitado; eu fui buscar uma bebida e acabei conhecendo uma mineira que fez valer a noite. Na manhã seguinte a francesa nos pareceu um pouco avariada, falava que iria se mudar pra capital baiana naquele mesmo mês, que iria morar conosco, a gente avisava que não residia ali, éramos inclusive de outro estado, ela dava risada e dizia que éramos muito legais, ficávamos um olhando pra cara do outro mas achávamos divertidas as tentativas dela pra falar em português. A mineira foi à praia também, mas não teve simpatia por uma das meninas do grupo, preferiu ficar na dela. A outra, a que foi pra cima do terceiro elemento masculino, estava com os olhos vermelhos de quem chorou, frise-se, de quem chorou bastante. Meu amigo a rejeitara. Quando eu e o outro tomamos consciência disso, a tarde soteropolitana adquiriu ares de charada, de aposta, de dúvida. Nosso amigo a rejeitara. Isso não podia ter acontecido, concluímos provavelmente ao mesmo tempo; dentro do círculo que preza pela não existência de qualquer compromisso, a rejeição entre nós era o avesso da regra, era o descumprimento, era a sinalização de uma hesitação sem propósito, de uma liberdade atingida por algum ingrediente extrínseco, alheio à conduta original. Olhamos pra ele, talvez ao mesmo tempo, e ele apenas sorriu, um sorrisão bonito, de quem está ali na nossa frente só pra não ser entendido, só pra funcionar como mistério besta, só pra que nós mesmos pudéssemos perceber que também há liberdade em agir assim, sem explicações, sem obviedades. E eu tive medo de que um dia o meu amigo não tivesse mais motivos pra sorrir daquele jeito. Ao me conscientizar dessa sensação, perdoei-o e comprei um sorvete de abacaxi pra rejeitada, sabor favorito dela, só pra fazê-la feliz e deixar meu amigo em paz.

Em Recife restávamos apenas nós três, os homens. Conhecemos uma carioca e uma goiana muito interessantes e uma espanhola quase bem interessante. Terminei a noite com a moradora da Gávea. Na tarde seguinte, no museu, um deles deu em cima da minha, quase descaradamente. Não entendi muito bem, achei que estávamos numa boa, preferi fingir que não era comigo. Mas a garota gostou do papo e foi com ele sei lá pra onde. Não perdi tempo e fui pra cima da espanhola, só pra não ficar mal. Mas o joguinho logo me cansou e vi que não dava futuro. Fomos pra parte nova da cidade e resolvi, junto com o outro e a goiana e a espanhola, encher a cara. Esse é o melhor sotaque do país, eu repetia, já bêbado, toda vez que escutava um pernambucano da capital falar perto de mim. A espanhola dava umas risadinhas com os olhos bem abertos, ficava esquisita quando assim fazia, eu quase falei isso, mas optei por não chateá-la, era uma menina tranquila, paguei mais um chope pra ela. Meu amigo pediu uma garrafa de água mineral e disse pra eu beber. Fui desobedecer, mas ele fez uma cara séria e eu bêbado preferi não contrariá-lo. Depois, quando terminei e olhei pra espanholinha do meu lado, toda sorridente e feliz por estar comendo um camarãozinho no limão, pra goiana, toda bela e ao mesmo tempo simples, direta, palpável, dona de uma voz muito agradável, pro barzinho, apinhado de recifenses e turistas gesticulando, conversando, dando risada, pro movimento da rua e daquela cidade, e pra mim mesmo, inserido ali, naquele momento, naquele tempo, naquele espaço, enchi meus olhos d´água. Quando olhei pro meu amigo, percebi que ele descobrira esse meu passeio visual, que na verdade era um passeio pra um dentro de mim misturado com o fora de mim, e aguardava o desfecho, todo paternal, todo cúmplice. Comecei a dar risada, uma risada frouxa, abobada, quase com lágrimas, e ele apenas disse pras garotas, que me olhavam com uma vergonhazinha amigável, que eu estava bêbado, que elas podiam me esquecer por alguns minutos. Parecia mesmo um pai que flagra o filho numa arte ingênua. Ou um irmão mais velho.

A conversa se deu um pouco antes da primeira deserção – talvez poucos minutos de diferença. Estávamos sentados, magnetizados pela intensa movimentação do mercado municipal, apreciando o ir e vir cotidianamente natural e de fácil vocação pra espetáculo. O senhor paraibano ao nosso lado, distante de seu estado de origem, nos explicava, com alguma prolixidade melodiosa, o motivo de estar ali. As garotas não pareciam muito interessadas, demonstravam uma ausência contemplativa quase absoluta, tragadas pela visualização. Tinha três sorveterias no lugar, todas rentáveis, uma esposa, sergipana, e três filhos, dois homens e uma mulher, estudados, formados, dois netos, os dois meninos, dois automóveis, casa própria. Fugira – usou esse termo – da cidade de origem porque havia se envolvido com uma mulher casada, uma antiga namorada, uma paixão estendida; lá se iam muitos anos. Foi embora não porque o marido dela os havia descoberto ou porque não conseguiu sustentar uma mera relação clandestina – deixou o lugar porque sempre o quisera fazer, sempre. O que sentia pela mulher era pouco perto do desejo que alimentava, desde muito cedo, desde muito antes, de sair dali, de correr dali, de sumir dali. A cidade era boa, frisou, talvez esteja ainda melhor atualmente, mas não o enfeitiçava, não o consumia, não o esgotava, não o apaixonava, não o forçava a nada, a nada em absoluto – era uma cidade que não me imprimia alma, disse-nos, olhando-nos com olhos bons, fortes. Eu era jovem e tinha muita sede de vida muita urgência muita vontade muito desejo de ganhar vigor e consistência e espírito, respirou fundo, e isso eu não encontrava lá. Ficamos na dúvida se aquilo tudo era um lamento de saudade, de arrependimento, um desabafo melancólico. Ao nos perceber imersos nessa busca pelo entendimento, pela motivação que o orientava, deu-nos uma expressão facial inesquecível de franqueza, gratidão e segurança e segurou o braço de um de nós como se estivesse segurando os três, hoje eu posso dizer que vivi, aplicou um tapinha leve no ombro do outro, e isso é muita muita coisa pra se dizer só com o corpo.     

Tínhamos acabado de deixar Porto Seguro, abastecíamos pra poder seguir viagem. Aqui ainda éramos cinco. Havia um clima entre os dois. Aquilo me atraía, de alguma forma. De alguma maneira não muito entendida, a sintonia que ela tinha com ele era diferente daquela que dedicava a mim e ao outro, e não era algo deliberado, pensado pra; simplesmente era, o que me deixava ainda mais inquieto. Funcionávamos bem, todos. Camisetas, bermudas, óculos escuros, música pro carro inteiro ouvir, histórias várias, camisetas, shortinhos. Éramos a luminosidade, a essência viva do presente, a chama incandescente da fogueira à beira-mar, a existência na sua forma mais solar, a atração, o desejo, a instância máxima do viver. Éramos – e, sim, sabíamos disso o tempo todo, o que fazia tudo ser ainda mais intenso, mais verde, mais azul, mais sabor. As estradas nos pareciam sorrir, assim como as serras, as praias, as pousadas, os postos de combustíveis, os bares, as casas, os centros históricos, os prédios, as pontes, as cidades. Tudo nos saudava, tudo nos valia, tudo nos pertencia. Proprietários do caminho e do veículo que nos conduzia naquela viagem quase etérea, quase única, quase última. Cantávamos, bebíamos, as rodas do carro nos conduzindo para as localidades que desejávamos conhecer, pro descobrimento, pro viver, pro viver, pro viver viver viver, verbo conjugado à exaustão em cada quilômetro percorrido por aquele carro, em cada parada, em cada passeio, em cada hospedagem, fosse na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba, em cada conversa, em cada novo encontro, em cada lugar. Tudo era nosso, tudo era muito nosso. Menos aquilo que havia entre os dois. Aquilo era deles, só deles – e isso me incomodava. Fugia às nossas convenções, fugia às nossas dimensões, fugia à nossa plenitude – algo deles, não compartilhado com os outros, apenas dele e dela. Dela. Foi numa parada de divisa de estados, ou quase isso, que eu aproveitei uma distração e a beijei. Correspondeu, como sempre, mas eu queria daquele jeito, daquele jeito que ela fazia com ele e só com ele. Talvez ela tenha entendido e, por ter muito carinho por mim e por não querer estragar nada, esforçou-se e ele percebeu. Não foi igual, eu sei que não, mas tudo ficou muito claro, muito às vistas, e ele ficou meio chateado, não entendeu o porquê daquilo, se era algo que havia partido dela ou de mim. Fiquei mal depois, culpei-me pela mesquinhez gratuita, pela desnecessidade, nem fui ao forrozinho pé de serra daquela noite, fiquei na varanda, deitado na rede. Ele veio, meio apressado, e perguntou vai lá não? tá todo mundo te esperando. Não vou não, respondi quase silenciado, me senti um moleque fazendo pirraça quando é o próprio quem cometeu a falha. Vamo lá cara deixa de fazer doce. Levantei da rede e olhei pra ele. Tava com uma cara um tanto feliz, um tanto séria, e eu quis dar um abraço, mas permaneci parado. Vamo logo seu otário, ele soltou meio depressa, meio risonho, isso aqui é pra nunca mais e a gente tá aí todo dia. Acabei por calçar o chinelo e fui pra festinha improvisada, o sanfoneiro fazendo a algazarra pro pessoal. A gente tá aí todo dia, repeti, e ele bateu no meu ombro. Fomos. E a noite demorou a clarear.