tag:blogger.com,1999:blog-4595110480086597064.post6284777504492593355..comments2024-02-05T02:18:59.506-08:00Comments on Contos maringaenses: AlegoriaUnknownnoreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-4595110480086597064.post-18295960800636180992012-02-26T18:49:29.769-08:002012-02-26T18:49:29.769-08:00Este comentário foi removido pelo autor.João Gustavo Marçalhttps://www.blogger.com/profile/02165620784111671520noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4595110480086597064.post-50293307260268797002012-02-26T01:18:50.588-08:002012-02-26T01:18:50.588-08:00Em se tratando de João Gustavo, este “Alegoria” ca...Em se tratando de João Gustavo, este “Alegoria” causa um estranhamento. Olha-se, então, para trás buscando ascendências, familiaridades com o que ele expôs até agora. O mais perturbado vasculha o Contos Maringaenses e traz para releitura os outros textos, que, com este, somam oito:<br /><br />1. Quatro copos para dois<br />2. Entre diálogos<br />3. Contemplação<br />4. Banais tardes verdolengas<br />5. À beira<br />6. Esquadrinhar: verbo ser<br />7. Voz e Meu<br />8. Alegoria<br /><br />Todo “gostei/não gostei” soará vazio e não resumirá o que já se pode dizer sobre a criação do João Gustavo. Se doerá ou não, certamente, todo criador quer – e deve estar pronto para tanto – ouvir os ecos do barulho que causou.<br />À primeira vista João Gustavo é um construtor de diálogos. Metade dos textos explora esta característica. Parágrafos e travessões se sobrepõem à esquerda da página. Ele tem teorias e precisa debatê-las; justificativas a dar, então, escreve. Não lhe falta um interlocutor, pois ele os inventa. Ambientes e situações são revelados como num aparelho monitor de segurança. Há uma câmera oculta, um microfone plantado, flagrando os incautos, que discutem a relação que têm. Casais é seu alvo. O momento que passam mostra uma vida sem sustentação, nada é intenso, tudo é frágil e o fim é o melhor começo. Os homens pensam ou pensaram com o pênis e, despertados, procuram a porta, a saída mais próxima, nem sempre a mais honrada. As mulheres são seres exigentes e conseguem, tão somente, a frustração. Não se explora o diferente, não tem como quando se busca completar com o outro o que se chamará felicidade. João Gustavo faz homens e mulheres exclamarem sempre: vocês são todos/todas iguais.<br />Contar através de diálogos é perigoso, ainda mais se for longo e o assunto tender para o extremamente pessoal. Não o do autor, mas o lado muito pessoal da personagem. Mulher precisa discutir a relação quando pode; o homem detesta, sempre. Fora do texto, como leitores, homem e mulher se afinam e esconjuram testemunhar casais num jogo de ataque e defesa. Na contenda todos serão perdedores, dentro e fora do texto.<br />Saindo dos diálogos propriamente ditos, temos os textos 5 e 6; dois exemplos de chatice no modo de contar. Não se sabe se o autor quis demarcar geograficamente a estória, citando endereços ad nauseam e assim atender um princípio do Contos Maringaenses ou se quis enrolar, “encher linguiça” mesmo para dar corpo ao texto. O assunto é mínimo, os recursos narrativos são fracos e o motivo sem graça. Há um abuso de palavras (como diz o matuto) difíceis próprio de um exibicionista. O vocábulo, se desconhecido, desconhecido fica, pois o texto não é interessante. A adjetivação, que tem por função embelezar o discurso, aqui pelo abuso, tem efeito contrário.<br />O texto 4 nos faz esquecer o quanto péssimos são o 5 e 6. Talvez a forma em que é apresentado revela que João Gustavo é criativo sim e que há uma esperança. Os períodos são curtos e cheios de ação. A leitura flui, pois o autor entendeu que precisa ser entendido. Sem ser puramente um diálogo, parece que João Gustavo melhora quando utiliza a primeira pessoa, assim como em “Alegoria”.<br />No “Alegoria” tudo funciona e é igual de uma forma diferente, por isto o estranhamento. Há um casal? Há. Diálogos? Sim. Mas já não encontramos os cansativos travessões. O assunto do casal não enche o saco e aquela competição Homem versus Mulher não existe. A leitura é gostosa, descontraída, não se vai ao dicionário. A câmera escondida do autor acha e nos mostra detalhes de pensamentos, gestos inusitados, cores, imagens de sonho. O medo de ler João Gustavo some na quarta linha. Quando entram os excertos de letras de músicas, lembramos da melodia, imagina-se um rádio ligado e não é de se duvidar que o leitor cante junto. O texto sai do papel e cumpre sua magnífica missão, a de interagir. <br />João Gustavo, mande o próximo.Flauzinohttps://www.blogger.com/profile/07352917679283793802noreply@blogger.com